até que o sol se feche em mim
no que me esconde o sulfato
antecipo o silêncio numa remissão inquieta e opaca
o telhado do sol
hei-de acreditar na redenção
na cascata que se dilata em voz ao indefinido
a morte do crepúsculo
que tristeza é esta que me repete?
a terra imberbe do céu, onde está?
guardo-me no que goteja na praia
na borboleta dos sonhos
até que a morte me embacie no segredo do mundo
o porto da minha mãe
a nebulosa de rosas que cresce no campo sepultado
pela linha da extinção.
a ebulição do meu sangue
o poço das minhas folhas
amá-las-ei até que o sol se feche em mim.
Carlos Vinagre
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Saímos das negras profundezas telúricas, há muitos milhões de anos, em direcção à Luz pintalgada num céu negro e num Sol brilhante e magnífico! Na nossa infinita pequenez, quisemos, no alvorecer da Humanidade, tocar o céu e, para ele, inventar significados com ou sem deuses, mas sobretudo com projecções das fantásticas dúvidas que o olhar maravilhado nos suscitava e, assim, nos tornámos Astrónomos! E o Céu continuav
a
inalcansável! De repente! Com a “invenção” da Filosofia, da Matemática,
da Física, com Galileu, Hublle, e muitos outros gigantes, desde a
antiguidade, quisemos, com a invenção do telescópio “tocar” os astros e,
daí, às viagens fantásticas e à descoberta do infinito, foi "Um pequeno
passo para o homem, um salto gigantesco para a humanidade"! A
Astronomia conta-nos histórias verídicas tão extraordinárias que
continuamos, incrédulos, a tomá-las por ficção e assim será, até
conseguir-mos ultrapassar o fantástico sonho e nos tornar-mos Cidadãos
do Universo...
Agostinho Magalhães