descrição

"Um filo-café é um triciclo. Movimenta-se pelos próprios. Não tem petróleo. A sua combustão é activada pelo desejo. Não se paga, não se paga. Apaga-se. E vem outro. Cabeças sem trono. Um filo-café lembra-se. Desaparece sem dor."

23.9.12

filo-café internidade: contributos (3)



 internidade


Que deus encontre a espuma dos seus dias.

Se a água corre nos olhos e deus suga a alba pela retina, se o corpo se cobre de lama pela imensidão da espuma, onde nos resta o fogo - o fulgor eterno e divino do bosque, o indizível sono da nossa palavra? O enunciado amoroso do desespero. Quem se julga descobrir nos textos que pronuncia - a cavalgada de emoções? Quem ousa quebrar o rio, a torrente que encarcera os pulsos? Ferve-me este púbis, um desejo de te foder pela boca e me verter pela língua, ombros da angústia, enquanto me perco e me vislumbro o oceano extenso do meu sonho. Cerco-me das árvores do teu sémen, da tua nudez. Quero cegar-me no horror da vida digital durante as hipotéticas expectativas amorosas - os altericídios anterramados pelo clarão neurótico. Arde-me as mãos. Quero foder-me. Quero foder-te. Come-me o cérebro pela cona.

A água que aos olhos sangra é o corpo de deus emerso na alba do rócio da retina.


Carlos Vinagre

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