internidade
Que deus encontre a espuma dos seus dias.
Se
a água corre nos olhos e deus suga a alba pela retina, se o corpo se cobre de
lama pela imensidão da espuma, onde nos resta o fogo - o fulgor eterno e divino
do bosque, o indizível sono da nossa palavra? O enunciado amoroso do desespero.
Quem se julga descobrir nos textos que pronuncia - a cavalgada de emoções? Quem
ousa quebrar o rio, a torrente que encarcera os pulsos? Ferve-me este púbis, um
desejo de te foder pela boca e me verter pela língua, ombros da angústia,
enquanto me perco e me vislumbro o oceano extenso do meu sonho. Cerco-me das
árvores do teu sémen, da tua nudez. Quero cegar-me no horror da vida digital
durante as hipotéticas expectativas amorosas - os altericídios anterramados
pelo clarão neurótico. Arde-me as mãos. Quero foder-me. Quero foder-te. Come-me
o cérebro pela cona.
A água que aos olhos sangra é o corpo de deus emerso na alba do rócio da retina.
Carlos Vinagre
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