Oliveira
Deito-te
na cama agrária
do poema
Podes crescer
engolir o tempo
quando exuberantes
os teus versos
ofertarem azeitonas
e o teu óleo iluminar
a escuridão das feridas
Por breves estações
a imortalidade
na folha perene
Quero plantar-te sem inútil
melopeia
O azeite das palavras derrama-se
em ti
até que o traduzas
em paz.
marília miranda lopes
marília miranda lopes
As mãos cobrem a terra nos lábios
rarefeitos - a ténue emoção do rosto
rarefeitas - as mãos cobrem a boca
na água nocturna
no sucalco
as mães gritam aos penhascos
com a barriga exangue
o húmus cavernoso
há o sal a pairar na terra
e a tocha abre o córtex
com um pedaço de sombra sobre o corpo
recôndito - um espasmo sobe as pernas
como a meia-noite em esperma
esquece-se a mênstrua saia do mundo
carlos vinagre
a lavandeira
carmen penim perez
lois gil magariños
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