descrição

"Um filo-café é um triciclo. Movimenta-se pelos próprios. Não tem petróleo. A sua combustão é activada pelo desejo. Não se paga, não se paga. Apaga-se. E vem outro. Cabeças sem trono. Um filo-café lembra-se. Desaparece sem dor."

21.6.10

filo-café: esquecimento - contributos

galaaz


a memória

pintura de: elisabete pires monteiro

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fotografia de: carlos silva


***

Jacob partiu


Repetiam sem pausa “Amen”

Enclausurados na antiga Cripta

Permaneciam fixos com a alma dada

E a sensualidade amordaçada

Para que Deus estavam eles virados?


O Poeta morreu, mas jazia entranhado

Em cada pedra exaltada

Outrora por aquele mal-amado,

Daqueles que queriam a verdade.


“Como Senhores, permanecem ainda por aí

Nessa ilha impalpável,

Labirinto de pensamentos cruzados,

No meio dessas Gárgulas de pedra fossilizadas?


Como viveram com a negação da Puberdade,

O enterro de todo passado,

O odor da vulva nunca ousado,

O Labor como única armada

E o esquecimento como meta alcançada?


Continua ele a vaguear nesse lugar falado?

Subterrâneos ocultos àqueles á terra fixados

Os Dados serão lançados até ao tempo inalcançável

Quem os calará?


poesia de: elisabete pires monteiro

***

t(u)o-que-é(e)s-c(s)im-e-em-tu(o) tu-és de-muita-fé


a poesia

é que é ------ cimento

é que é

és-(que)-é-cimento,

arre – fé – no – cimento,

esque-c-imento.


(…)


os poetas são

portanto

pessoas de muita fé,

com pouca fé no cimento

portanto,


per-du-ra-do-res (per-duram?) -----------

pen-du-ra-do-res (penduram-se nas dores?) ------------

per-da-do-res (per de per e dores de dores?) -----------

per-de-do-res (maus perdedores?) --------------

perde-dores (perdem-se por dores?) ------------

pe-de-dores (pedincham dores?) ----------------



POR-TANTO


por tanto, pre-da-do-res por tanto muito mais que tanto tanto mais que,


ISTO É


perduram (-se) nas palavras -------------

penduram (-se) nas palavras ---------------

per-dão-se através de, nas palavras -----------

perdem (-se) de por palavras ----------------


perdem as palavras (se)

pedem as palavras (se)


se


para não caírem em – és - és-que-cimento

no cimento

em es-quen-tamento

em es-ta-rre-ci-mento

em tu-es-que-ci-men-to-que ------- és?


(…)


os poetas escrevem

para não se esquecerem de nada,

como se fossem às compras

aviar a cesta,


como se fossem esquece-dores

como se se esquecessem das dores

como se não se lembrassem de nada

como se não, não pudessem nada

como se fosse possível o cimento

como se fosse possível o esquecimento

como se


nada pudessem


esquecer-se


de nada


pudessem


esquecer-se


pudessem esquecer.,-------se


se se pudessem esquecer


a-que-cer


a-quem-ser


de-quem-ser


o-que-se


ser-que


o-que-ser,


(…)


os poetas


não escreviam nada,


não és- o-que-viam?


nada


o que entre-viam?


nada


o que entre-entre-tanto-viam?


nada


o que entre-entre-tanto-esqueciam?


nada.


(…)


a poesia

é que é

és

esquecimento.


poema de: sandra guerreiro dias

dito por: sandra guerreiro dias e rute oliveira







pintura de:

Texto 1
silêncio duradouro nos olhares arqueados. Um órfão na terra inventa as alavancas do deserto, a arqueologia da esfinge, o (re)nascimento do não-sentido e um homem de reminiscências solares abandona o espaço dos tumultos e entra na floresta isotrópica. em todas as direcções o homem é idêntico a ele mesmo. em todas as direcções o grito de Deus é o grito de toda a ausência.
os aposentos sábios das fábulas, a dispersão das calamidades, a descoberta da instrução do livro-do-VAZIO, das mordeduras raras, da voz-iniciática, das lenhas cosmogónicas onde o cloro dos mosquitos-cranianos e as teclas dos anarquistas-das-linhas-de-
comboio como um compêndio de construções corporais envenenam as elásticas expectativas do triângulo das eiras.

vegetal-tijolo-golpes-de-irradiações(correntes eléctricas dos crustáceos). Túnicas-de-transparências de Michaux nas aguarelas de HÔGAN DAIDÔ.

(continue a ler este texto aqui)

texto de: Luís Serguilha

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